quarta-feira, abril 22, 2015

Oh Minas Gerais, quem te conhece não te esquece jamais!

Ao fim de um ano a morar num "país tropical" , quando regressei à terrinha, debati-me várias vezes com a seguinte especulação: estás tão branquinha, nem parece que estás a morar no Brasil!!
Pois é, às vezes não parece mesmo! Para mim, praiana por natureza, tornei-me mineira por opção. Também sinto falta do arfar marinho, aproveitar o feriadão na praia, ter onde mergulhar nos 30 graus (quase anuais!), ir à praia porque está sol, porque está frio ou simplesmente porque sim! E realmente, morar num país tropical sem praia é quase como ir a Itália e não comer pizza! 
Primeiro estranha-se, mas depois entranha-se! Já diz o ditado, "oh Minas Gerais, quem te conhece não te esquece jamais", e eu que o diga! 
Falar de Minas é falar da natureza, dos montes e das minas de ouro, é fazer da cachoeira praia e ser recebido pelo povo mais hospitaleiro, é dizer "uai" em menos de uma semana e comer o melhor pão de queijo brasileiro. Morar em Minas, é baum demais, é sentir-se sempre em casa, mesmo longe dela, é trocar o mar pelas montanhas, os festivais de verão pelos rodeios, aprender a gostar de sertanejo e entrar na sofrência mesmo feliz..
Minas é o quarto estado com a maior área territorial do Brasil e o segundo maior em quantidade de habitantes, é um dos estados com  maior património histórico e uma cultura bem peculiar. 
Com cara de interior, Belo Horizonte, sua capital, é a sexta cidade mais populosa do país, e mesmo sem a beleza do litoral, BH, como é conhecida, é uma das cidades mais visitadas do Brasil, conhecida por vários monumentos, museus e parques importantes, como o Museu de Arte da Pampulha, O Mercado Central ou o Circuito Cultural Praça da Liberdade e, claro, pelos seus imeeeeensos bares, não fosse ela a "Capital nacional dos botecos".
Porque Brasil, bamboleio, não é só terra de samba e pandeiro, fica aqui uma amostra do que se pode fazer na capital mineira e um ilustre e fidedigno poema do grande Carlos Drummond de Andrade sobre este Estado tão grande, tão típico e tão acolhedor.



Ser Mineiro
Ser Mineiro é não dizer o que faz, nem o vai fazer,

é fingir que não sabe aquilo que sabe,

é falar pouco e escutar muito,

é passar por bobo e ser inteligente,

é vender queijos e possuir bancos.

Um bom Mineiro não laça boi com imbira,

não dá rasteira no vento,

não pisa no escuro,

não anda no molhado,

não estica conversa com estranho,

só acredita na fumaça quando vê o fogo,

só arrisca quando tem certeza,

não troca um pássaro na mão por dois voando.
Ser Mineiro é dizer "uai", é ser diferente,

é ter marca registrada,

é ter história.

Ser Mineiro é ter simplicidade e pureza,

humildade e modéstia,

coragem e bravura,

fidalguia e elegância.

Ser Mineiro é ver o nascer do Sol

e o brilhar da Lua,

é ouvir o canto dos pássaros

e o mugir do gado,

é sentir o despertar do tempo

e o amanhecer da vida.

Ser Mineiro é ser religioso e conservador,

é cultivar as letras e artes,

é ser poeta e literato,

é gostar de política e amar a liberdade,

é viver nas montanhas,

é ter vida interior,

é ser gente.