Cinco anos depois, não são os mesmos olhos que devoram este romance sul-americano.
Ainda assim, paira a questão, chama-se carne ou amor?! Ainda não descobri, mas sei que, alinhem-se os planetas, ganhem as tartarugas asas, o Brasil passe para o Pólo Norte, saber quem perde a cabeça ao fim do quarto beijo ou ao fim da quarta cerveja continua a retratar a dualidade que marca todas as adolescências de cada geração. A força vital que só um amor profundo encerra em si numa estrada paralela às imposições da carne que assinalam a efemeridade de cada melhor momento das suas vidas.
É isto que nos traz Gabriel García Márquez neste romance sobre uma infindável perseverança de um amor frustrado, onde na balança do amor cabe o mesmo quantum de sofrimento que de paixão, aferrado a uma esperança imortal onde no fim conseguímos um retrato fiel do esplendor da juventude ao momento mais decadente a que esta nos pode levar. Ganhará o prazer ou o lirismo apaixonante?! Ainda sem respostas, mas considerando a bipolaridade em que o assunto se desdobra, eu cá acho que preferia um Florentino a tocar violino para que eu o escutasse e perdesse a cabeça ao fim do quarto beijo, ou até segundo, se não for pedir de mais ;)
"Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: «O coração tem mais quartos que uma pensão de putas»!"
O Amor nos tempos de Cólera, Gabriel García Márquez
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